sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Entrevista com Eliane Quintella

Oi Pessoal,

Hoje tenho o prazer de trazer mais uma entrevista super legal para vocês desta vez com a autora Eliane Quintella do livro O Pacto Secreto. Vocês já devem ter visto a resenha do livro aqui no blog e hoje vamos poder conhecer um pouquinho mais sobre a autora. Desde a primeira vez que falei com a Eliane ela me passou a impressão de ser uma pessoa super sincera, determinada e que realmente ama escrever, que faz isso com todo o carinho do mundo, por isso foi muito legal conhecer um pouquinho mais dela e de suas idéias. Vem comigo conhecer um pouquinho mais dessa autora que ama o que faz...



1. Quem é Eliane Quintella?
Bom, deixa eu falar um pouco a meu respeito. Eu amo escrever. Comecei assim que aprendi e nunca parei. Eu sempre soube que queria ser escritora. Eu acredito mesmo que essa vontade já nasceu comigo. Escrever para mim é sempre um grande prazer. É o amor da minha vida. Desde pequena escrevia poemas e contos e nunca parei. Logo cedo me entristeci quando descobri que não havia uma faculdade na qual eu poderia me formar escritora. Sabia também que grandes artistas que eu admirava tinham se formado em Direito e eu sempre tive um lado idealista. Foi assim que ingressei na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1994 para cursar Direito. Me apaixonei pelas aulas. Aliás, as aulas das ciências humanas em geral sempre me fascinaram. Gostei tanto que, tão logo me formei, já prestei prova para cursar mestrado na mesma Universidade. Passei! Assim, em 1999 já estava fazendo mestrado também em Direito na PUC/SP. Sempre trabalhei com Direito, que é uma das paixões da minha vida, mas eu sabia que não era meu grande amor, que sempre foi escrever. Tive paciência. Esperei a chance ideal para escrever um livro. Escrevi. Segurei a onda, apesar da minha vontade ser de pedir demissão no dia seguinte à conclusão do livro, mas tive calma para refletir a respeito, conseguir publicar o livro e, somente após ter certeza de que era o que eu mais queria fazer, largar minha carreira jurídica para me dedicar somente à escrita. Não fiz isso logo de cara, pois sabia das agruras da vida de escritor e porque Direito, especialmente o Direito utópico que estudamos na faculdade, sempre me encantou. Hoje acredito que tudo aconteceu na hora certa.

A respeito das minhas características pessoais, eu acredito que sou sincera, honesta, sigo minha consciência, vivo conforme minhas próprias regras e convicções, para mim a pior traição é aquela que fazemos contra nós mesmos, sou fiel aos meus verdadeiros amigos, reconheço o mérito de quem merece e o valor de quem merece e acredito que essa seja a verdadeira justiça, sou corajosa, adoro desafios, sou perseverante, não gosto de desistir, desistir para mim é derrota, vou atrás do que quero e acho que sou responsável pelo meu próprio destino. Eu odeio pessoas que culpam aos outros ou às coisas por sua própria infelicidade, acredito que temos nosso destino em nossas mãos e que bancar a vítima da situação somente atrasa nossa própria vida. Meu lema é pare de reclamar e lute. Acho que isso resume um pouco de quem eu sou.

2. De onde surgiu a idéia para Pacto Secreto? E quanto tempo demorou para concluí-la?
Eu acredito que a Pacto Secreto sofreu grande influência da minha infância. Desde muito pequena, eu assistia com meu adorado pai a filmes de terror e suspense, como Triângulo das Bermudas, O Retrato de Dorian Gray, Janela Indiscreta, Um corpo que cai, Assassinato no expresso do Oriente, Morte no Nilo entre outros. Isso pode parecer pouco convencional, devido a minha pouca idade, mas nós dois adorávamos esse momento. Minha adolescência também foi regada a muito livro de suspense, especialmente da rainha do crime, a prestigiada Agatha Christie. Também fruto de influência de papai que adorava os grandes mestres do suspense, como Edgar Allan Poe, Robin Cook, Leslie Charteris, entre outros. Portanto, sempre tive um verdadeiro fascínio por histórias de suspense e de terror. Assim, nada mais natural para mim do que escrever um livro sobre Pacto com o Diabo. É claro que quis escrever um livro diferente do que eu já havia visto e lido sobre pacto com o diabo, justamente por isso que busquei pesquisar o pacto do diabo mais a fundo. Ainda que meu livro tenha influência do chamado caminho da mão esquerda, é fato que ele é pura ficção.

3. A história sofreu muitas mudanças ao decorrer desse tempo? Você costuma pedir opinião de outras pessoas enquanto esta escrevendo? De quem?
Não, a história ficou exatamente do jeito que a concebi. Quanto à sua segunda pergunta, eu gosto de pedir opinião do meu marido e dos meus irmãos, principalmente para detectar dúvidas e curiosidades para que eu possa explicá-las no livro.

4. Na história somos colocados em um grande dilema do que é bem e do que é mal? Você acredita em Deus e no Diabo?
Propositalmente meu livro, traz ao leitor vários dilemas, tais como o bem de um lado e o mal do outro, o sacrifício de um lado e a própria vontade do outro, a culpa de um lado e a liberdade de outro, sua própria opinião e consciência e a consciência da sociedade moralista, entre muitos outros.
Quanto à minha crença, eu sei que a religião foi criada pelo próprio homem como uma forma de compreensão de diversos mistérios que ele não compreendia, por isso tínhamos o Deus do Sol, a Deusa da Natureza, a Deusa da noite, entre outros. Conforme, o homem foi desvendando o mundo e seus mistérios, o espaço que existia para a crença foi perdendo espaço para ciência. Há ainda mistérios que o homem não desvendou. Por isso, quando penso na impossibilidade do homem de criar a vida, no caos fantástico e organizado da natureza, no infinito do universo, não posso deixar de acreditar em uma força maior, que, no nosso tempo, chamamos de Deus. Tenho consciência de que a crença é um ato de fé, portanto não há sentido em querer justificá-la a você ou explicar racionalmente, já que a crença fundamentalmente é irracional. De outro lado, eu não acredito no Diabo. Acredito mesmo que seja uma criação do cristianismo para causar medo no homem e compeli-lo de alguma forma à religião. Eu falarei um pouco disso no meu segundo livro. Aliás, se quiser ler a respeito confira já o primeiro capítulo de Prazer Secreto no blog do meu livro (http://pactosecreto.wordpress.com/um-pedaco-de-prazer-secreto/) . Claramente, o cristianismo aproveitou-se de elementos dos deuses pagãos, como Pã, o Deus das Bruxas, entre outros deuses populares à época e criou a figura odiosa do diabo. Assim, o chifre que sempre foi representação da vitalidade e força foi associado a figura malévola e inventada do diabo cristão.

5. Da onde surgiu a idéia do casarão para as aulas demoníacas?
Tudo que você leu foi fruto da minha imaginação, um tanto quanto fértil. Eu pensei enquanto escrevia “se conhecimento é algo tão importante para a Ordem Demoníaca, há que haver muitas aulas para que os adeptos da Ordem possam sempre evoluir e aprender”.

6. Vemos Valentina passar por grandes provas na vida ao decorrer da história se você pudesse dar um conselho a uma pessoa que estivesse passando por grandes dificuldades que conselho daria?
Enfrente seus obstáculos e suas dificuldades, não se importe como pareçam intransponíveis. Lute sempre e lute até o fim. Não se pose de vítima jamais, você só tem a perder com isso. A verdade e a luta sempre são o melhor remédio.

7. O tema abordado neste livro é um tanto o quanto polemico, surgirão muitos críticas? Como você administra esta parte?
Há de fato muitas pessoas, como você, que encaram o livro como polêmico. Eu tenho uma visão diferente. Eu acredito que todo o escritor é um artista e, como tal, ele dever ser completamente livre para criar sua obra. O artista não pode se guiar durante sua criação por tabus, regras ou falsa moralidade. A liberdade é garantida plenamente e acredito que realmente devamos usufruir dela. Além disso, para mim, raciocinar, questionar e pensar é algo intrínseco a minha personalidade que não deixarei de lado. Acho realmente curioso como hoje em dia podemos questionar tudo, menos a religião. Essa é um tabu que merece permanecer intocado pela pensamento da nossa sociedade.
O símbolo da cruz, que é o próprio símbolo da sacrifício, é o símbolo mais forte do cristianismo, mas existe o outro lado da moeda, que acredita que o sacrifício não deve ser feito, se não for por sua livre e espontânea vontade, que não deve ser levantado como bandeira e como regra. A regra de que o seu sacrifício sempre deva existir pela felicidade do outro não é lógica ou coerente, pois prega que a felicidade do outro sempre é a boa, mas a sua própria felicidade é ruim, sabe-se lá porque motivo, assim você que lutou para ter o que quer, deve abrir mão disso para o outro, ainda que nada tenha feito ele para merecer, simplesmente por ele não ser você. Eu coloquei um texto no meu blog pessoal da fenomenal, Ayn Rand, extraído do seu livro também de ficção A REVOLTA DE ATLAS no qual esse ponto é abordado. Vale conferir: http://elianequintella.wordpress.com/2011/07/25/a-sua-felicidade/ e http://elianequintella.wordpress.com/2011/07/18/a-renuncia-de-sua-propria-mente/
Ainda não podemos esquecer que se os maiores artistas ou inventores, por medo de críticas da sociedade sempre conservadora, tivessem guardado suas grandes criações e invenções em suas gavetas, perderíamos muito, mas muito mesmo. Esse mesmo raciocínio pode ser expandido. Por exemplo, se os homossexuais tivessem receio de se expor ao público, como hoje estão fazendo, prevaleceria na sociedade uma aparência mentirosa e falsa que não contribui com nada. As pessoas realmente devem ter liberdade de ser quem são e dizer o que pensam. Defender o contrário é censura e preconceito de quem é muito conservador para aceitar mudanças. O diferente há que ser respeitado. Eu mesma escrevi um texto a esse respeito no meu blog pessoal que se chama colorido e que fala sobre isso.
Assim, respondendo a sua última pergunta, eu sinto pena, que é o pior sentimento na minha opinião, por todo aquele que não possui abertura o suficiente para se dignar a compreender e respeitar opiniões divergentes da sua.

8. A personagem de Valentina foi inspirada em alguém? E Sara?
Não foram inspiradas em ninguém que eu conheça. A Valentina foi inspirada em heróis e personagens que eu admiro pela força, coragem, perseverança, força, lealdade, vitalidade e exemplo de luta, entre outras características. Já com a Sara eu procurei mostrar alguém, que apesar de gêmea, tem natureza oposta, alguém que, via de regra, espera ser atendido, alguém que prefere a segurança ao risco, alguém de índole dócil, meiga e até frágil, alguém que aceita o que lhe é atirado e se mantém passiva.

9. Claro a pergunta que não poderia faltar se você como Valentina pudesse assinar um pacto com o diabo e ter tudo o que sempre sonhou??? Você assinaria?
Primeiramente, como eu já disse, eu não acredito no diabo, o que dificultaria fazer qualquer tipo de pacto. Em segundo lugar, o pacto, via de regra, como solução para seus problemas para mim é resposta para quem não acredita na própria força, no seu próprio potencial, é a resposta dos covardes. No caso da Valentina, a situação é diferente pois ela não quer solucionar um problema seu ou ter tudo o que sempre sonhou. Valentina quer resolver a angústia de sua irmã Sara, daí o objetivo ser considerado nobre por nossa sociedade por girar em torno do sacrifício. Ao longo da saga, a Valentina compreenderá que carregava a culpa desnecessariamente, que a culpa era um forma de controle e atraso de sua própria vida, que o pacto que assinou não aliviou sua culpa ou seu peso, o que realmente aliviou foi seu novo modo de encarar a vida, mas só quem ler a continuação da saga saberá do que estou falando.
Mas respondendo à sua pergunta eu não faria o pacto para ter o que sempre sonhei, eu lutaria para ter o que quero.

10. Como foi a escolha para o título do livro e a escolha da capa?
Dei a opção de alguns títulos para a Editora e juntas votamos pelo Pacto Secreto. O primeiro título que eu havia dado ao livro tinha sido “Contrato Diabólico“. Quanto à capa, a Editora me enviou algumas opções e eu escolhi a versão da capa atual.

11. A história terá uma continuação? Se sim quais os outros títulos e quando será o lançamento?
Claro! Já escrevi os outros dois livros da saga: Prazer Secreta e História Secreta. O primeiro capítulo do segundo livro da saga, Prazer Secreto, já está publicado no blog do meu livro: http://pactosecreto.wordpress.com/um-pedaco-de-prazer-secreto/. Vale conferir!

12. Como foi processo para à publicação de Pacto Secreto?
Eu assinei o contrato no meio de 2010 e o livro foi publicado em abril de 2011. A Editora felizmente publicou o livro exatamente do jeito que eu o concebi, apenas corrigindo o português. É muito gostoso o processo de escolher a capa, o nome do livro, trocar opiniões e outros, mas a ansiedade impera e no processo e não vemos a hora do livro ser logo publicado.

13. Você está trabalhando em algum novo projeto atualmente?
Estou namorando um tema no momento. Terei que mergulhar nele profundamente para poder escrever a respeito. Esse tema é psiquiatria e psicologia, especificamente pessoas portadoras de transtornos mentais. Quero escrever uma história de suspense em torno desse universo.

14. Que conselho você daria a pessoas que estão começando a escrever suas próprias histórias?
Para escrever é preciso amar realmente. Como imagino que o escritor provavelmente já ama o que faz, meu conselho se restringe a soltar sua própria imaginação, não se prender à absolutamente nada, solte-se verdadeiramente para voar alto e longe.

Para você:

Escrever é... o que eu amo fazer
Livros são... tesouro, se bons.
Inspiração Literária...pode vir de qualquer coisa que realmente mexa com você
Um livro: O pequeno príncipe
Um personagem: Hercule Poirot
Um(a) autor(a): Clarice Lispector
Leitura do Momento...Memórias do subsolo de Fiódor Dostoiévski
Pacto Secreto é...motivo para meu orgulho
Um Sonho... consagrar-me como escritora profissional

Quer deixar um recado para os leitores? 
Quero agradecer a você, Raquel, pela entrevista e lhe agradecer pelo convite. E aos meus queridos leitores quero agradecer por terem lido Pacto Secreto e dividirem suas opiniões comigo e dizer que Prazer Secreto vem logo aí para agitar um pouco mais!

Obrigada Eliane Por participar da entrevista e pelo livro, da para ver que você realmente gosta muito do que faz e faz com carinho e amor por isso sinceramente te desejo muito sucesso na sua carreira pois tudo que fazemos com amor com certeza da certo.

Raquel Machado
E nao deixem de ver o super post de domingo do encontro literário que ocorreu aqui na cidade com várias fotinhos e vários brindes quem sabe ate alguns deles não saem na promoção de níver do blog hein?

E não esquecem de participar das promoções que estão rolando no blog:

6 comentários:

  1. Gostei muito de conhecer um pouco mais sobre a escritora Eliane Qintella.Muito sucesso pra vcs duas.Bjs
    Eva Munhoz.

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  2. Kell,
    Bela entrevista gostei muita da pergunta e da resposta 7, concordo com a Eliane. Espero uma hora dessa poder ler o livro, pois já vi muitos comentários sobre ele.

    Beijokas Elis!!!!!!!

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  3. Eu não li o livro dela ainda, mas vejo o pessoal falar super bem dele.
    Concordo com ela, meu livro predileto também é O Pequeno Príncipe, Clássico!!!

    Balaio de Livros.

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  4. Ah amei a entrevista e conhecer mais da autora! Achei interessante o fato dela ter trabalhado na are juriduca antes de escrever profissionalmente!
    Alem disso é clara a influencia que ela recebeu do pai pra gostar de historias de suspenses..
    E concordo mt com a resposta dela na parte de crenças! Então a resposta 9 dela foi otima! rs tb gostei de saber sobre os nomes e capa...

    Enfim gostei mesmo, espero poder ler o livro um dia!

    bjs
    hey Evellyn!

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  5. Excelente entrevista.
    Virei fa da Eliane Quintella.
    Parabens!

    bjs.
    http://booksandmuchmore.blogspot.com

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